jueves, 3 de julio de 2008

Mariza, mais uma vez...

"Nos anos de tournées consecutivas, além de levar a minha música, fui tendo contactos com culturas e estéticas diferentes. Fui ouvindo e entendendo. Fui assimilando até chegar aqui, ao ponto que é, neste momento, a minha verdade. Ora, se eu fui sempre verdadeira com o público e comigo própria, não havia razão para que este disco não desse conta da evolução que fui sofrendo, como cantora e como pessoa. Chamei-lhe "Terra", não só porque continuo a ter os pés bem assentes nela, mas também pela ideia de viagem, de percurso. Era inevitável, depois de ir andando tanto pelo mundo".
Mariza não precisa de renegar nada para mostrar uma evolução que, tudo somado e digerido, era inevitável: aos prémios, honrarias, distinções, que foi obtendo por esse mundo fora, foi juntando a aprendizagem e o gosto de quem percorreu todos os caminhos de olhos e ouvidos bem abertos.
O que acontece em "Terra" é um convite da guitarra portuguesa e da viola de Fado à guitarra de um inglês, Dominic Miller (parceiro de Sting há vinte anos), aos pianos de um brasileiro, Ivan Lins, e dois cubanos, Chucho Valdês e Ivan "Melon" Lewis, à guitarra flamenca de um espanhol, Javier Limón, à percussão de outro espanhol, Piraña (percussionista eleito de Paco De Lucia). O que se passa em "Terra" é a comunhão perfeita da voz de Mariza com as do cabo-verdiano Tito Paris e da afro-hispânica Concha Buika, em dois duetos de eleição. Produzido por Javier Limón, "Terra" é um disco em que se sentem várias influências; mas ao ouvi-lo vai perceber que o elo de ligação "teima" em ser português.